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Tudo estava como sempre tinha estado na Escola dos Póneis no País Mágico Acima das Nuvens. Tudo estava basicamente como antes na Escola dos Póneis. O Toni suspirou enquanto escovava os dentes, tratava da crina e lavava o focinho. Tal como tinha feito ontem. E anteontem. E antes de anteontem, já agora.
Na pista de corrida, todos os póneis davam voltas e mais voltas. Tal como costumavam fazer. Estavam a praticar o trote, que o Toni detestava. Tanto por não ser muito bom nisso, como por achar terrivelmente aborrecido.
O Toni começou a pensar em voz alta (como fazia algumas vezes): "Tem de haver outras coisas na vida para além de trotar. E a passo". De repente, o Toni foi contra o pónei à frente dele, que tinha parado bruscamente.
- O-o que disseste? - gritaram os outros póneis em coro. O Loni, a Pati, o Roni e todos os outros. O Toni corou um bocado, porque os outros não deviam ter ouvido o que ele estava a pensar. Mas ganhou ânimo.
- Bem... alguma vez pensaram que tem de haver outras coisas para fazer além de andar a marcar passo o dia todo?
Acordamos, comemos, trotamos, dormimos. - É assim que as coisas são, e é assim que sempre foram - disseram os outros póneis.
- Mas e se eu quiser outra coisa? - sugeriu o Toni.
- Acordamos, comemos, trotamos, dormimos. É assim que é, e sempre foi - disseram novamente os outros póneis. E assim começaram a trotar. Mas o Toni não se juntou a eles.
Algum tempo depois, os outros póneis repararam no Toni, que se recusava a continuar. E pararam.
- Por que não trotas?
- Não quero, quero fazer outra coisa.
O Joni, o pónei mais cinzento e que era o melhor no trote, aproximou-se do Toni.
- O que queres fazer então?
- Quero sair e ver o mundo.
- NÃO queiras isso! - Porquê? - perguntou o Toni.
- Aqui, na Escola dos Póneis, sabes sempre com o que contar. O mundo lá fora é grande, mau e perigoso.
- Isso vou eu descobrir por mim próprio - declarou o Toni.
Todos ficaram em silêncio. O Joni riu-se por entre os dentes.
- Muito bem. E quão corajoso és? Se calhar até vais lutar com o dragão Drago?
Os outros póneis riram-se a valer. Todos sabiam que o Drago era o animal mais perigoso de todo o mundo e que ninguém - ninguém! - se atrevia a lutar com ele.
O Toni engoliu em seco.
- Sim, é exatamente isso que vou fazer.
E então fez as malas e pôs-se a caminho. Para lutar com o temido dragão.
Para dizer a verdade, se calhar ir procurar o perigoso dragão talvez não tenha sido a melhor ideia do Toni. Mas tinha de cumprir o prometido. Especialmente o que tinha prometido a si próprio. E então lá foi o Toni. Descobrir tudo o que havia para descobrir na Terra Mágica Acima das Nuvens.
Atravessou uma floresta. Daquelas escuras e assustadoras. Passado um bocado, chegou a uma ponte sobre um rio. Não pensou muito sobre o assunto e estava a atravessar a ponte quando, de repente, um ninja saltou para a frente dele.
- Aonde pensas que vais?
- Estava só a atravessar a ponte - disse o Toni.
- Bem, não é assim que funciona. Porque eu sou o guardião da ponte - disse o ninja, soando muito importante.
-Isso parece fixe. Co to znamená? - zeptal se Toni.
- Bem, significa que eu guardo a ponte. E garanto que não é atravessada por qualquer um.
O Toni pensou por um momento. Ele não achava que era "qualquer um", era o Toni e ia numa aventura.
- Claro, acho muito bem. Mas posso atravessar a ponte? - perguntou.
O ninja fez um barulho jocoso com o nariz.
- Diz-me, não sabes nada sobre guardiões de pontes?
- Nem por isso - admitiu o Toni.
- Na verdade, é a primeira vez que saio da Escola dos Póneis, por isso há imensas coisas que eu não sei.
O ninja abanou a cabeça.
- Bem, para atravessar a ponte é preciso responder a uma pergunta. Uma pergunta difícil! Uma pergunta mesmo muito difícil!
- Bem, espero conseguir fazer isso - disse o Toni.
O Toni olhou para o ninja por um momento. O ninja olhou para o Toni. Ninguém disse nada durante algum tempo.
- Hum... E qual é a pergunta?
- Espera, tenho de pensar numa! Na verdade, é raro aparecer alguém aqui. Estou um pouco enferrujado.
O Toni sentou-se e esperou patientemente.
O ninja fez um movimento repentino.
- Já se vidím! Mas ficas avisado. É uma pergunta mesmo muito difícil. Estás preparado?
O Toni acenou com a cabeça.
- Qual é a tua... cor favorita?
- Bem, é mesmo difícil - disse o Toni. Qual é a tua, ninja?
- Preto, obviamente!
- Ah sim. Acho que gosto mais de cor-de-rosa. Ou... espera. Cor-de-laranja! Não... verde. Escolho verde.
- Não podes simplesmente dizer todas as cores que existem. Sou o guardião da ponte e exijo uma resposta definitiva.
- Verde - disse o Toni com voz firme.
- Então vamos lá. Podes atravessar a ponte - disse o ninja - mas para onde vais mesmo?
- Vou procurar e lutar com o dragão Drago.
O ninja ficou pálido.
- Essa é uma má ideia. O Drago é incrivelmente perigoso e cospe fogo! Se calhar é melhor ficares aqui comigo. Assim, podemos atirar estrelas de ninja e fazer outras coisas de ninjas?
O Toni sorriu e abanou a cabeça.
- É muito simpático da tua parte, ninja, mas prometi a mim mesmo que iria encontrar o dragão Drago, e é isso que vou fazer. Mas se calhar ainda nos vemos outra vez.
O Toni tinha ficado com fome a falar com o ninja guardião da ponte e a responder a perguntas e isso tudo, e decidiu almoçar.
Encontrou um lugar na floresta com umas rochas grandes para se sentar, enquanto o sol espreitava pelas copas das árvores. Tirou o almoço da embalagem e estava prestes a dar uma dentada na sandes quando ouviu algo atrás de um arbusto.
- Psiu!
O Toni olhou fixamente para o arbusto.
- Psiu - ouviu-se outra vez.
Isto era muito estranho. O Toni levantou-se e espreitou por trás do arbusto. Era a entrada para uma gruta. E, lá dentro, o Toni viu dois olhos a brilhar no escuro.
- Hum... Olá?
O Toni nunca tinha visto olhos tão estranhos nem falado com alguém escondido numa gruta. Portanto, não sabia o que mais dizer.
- Olá - sussurrou a voz dentro da gruta.
- Tens comida?
- Sim, tenho. Se vieres cá fora até ao sol podemos partilhar o meu almoço - disse o Toni. Seria bom ter companhia para comer.
Os olhos aproximaram-se do Toni, que agora conseguia ver que pertenciam a um vampiro pálido e magro.
- Não posso. Sou um vampiro - disse o vampiro.
- E depois? - disse o Toni.
- Não suportamos luz. Nada de nada. Por isso, não posso sair e procurar comida durante o dia, e tenho um pouco de medo do escuro, por isso também não sou grande coisa para sair à noite.
- Bem, que chatice. Não é nada fácil. Mas se te sentares aqui à sombra debaixo da árvore posso sentar-me ao teu lado ao sol e, assim, partilhar o meu almoço. Tenho sandes e tangerinas e mais - disse o Toni.
E sentaram-se durante algum tempo a saborear a comida.
- Já teď, estou à procura do dragão Drago. Sabes para que lado devo ir? - zeptal se Toni.
O vampiro quase se engasgava com metade de uma banana.
- Drago? O Drago é incrivelmente perigoso e cospe fogo, e come tanto pessoas como animais. Mantém-te afastado dele!
- Sim, é o que dizem. Mas vou procurá-lo mesmo assim - disse o Toni.
- Bem, então deves ir por ali - disse o vampiro, apontando para mais dentro da floresta.
- Muito obrigado. Se calhar ainda nos vemos outra vez - disse o Toni. Depois, levantou-se, pôs a mochila às costas e embrenhou-se na floresta.
Não demorou muito até o Toni se arrepender de não ter ficado em segurança na Escola dos Póneis. Estava a ficar cada vez mais escuro e mais nevoeiro. E, de repente, ouviu uma gargalhada rouca. Mesmo à sua frente.
O Toni sentiu calafrios na espinha quando ouviu a gargalhada rouca na floresta escura. E, como os póneis têm espinhas compridas, os calafrios eram mesmo muitos.
"Quem poderá ser? E será que posso voltar para trás?" - přemýšlel Toni. Mas antes de poder respond-se a si próprio, apareceu uma bruxa à sua frente.
A bruxa deu outra gargalhada rouca, alta e repugnante.
- Não vais conseguir passar por aqui, amigo!
- Mas... - tentou o Toni falar, mas a bruxa interrompeu-o antes de poder continuar.
- Pelo menos, até me dares tudo o que tens!
- Pronto. Está bem - disse o Toni, abrindo a mochila.
- O que... O que estás a fazer? - perguntou a bruxa.
- Estou a dar-te todas as minhas coisas?
- Não é assim que funciona! Tens de protestar e recusar, e depois eu ameaço transformar-te numa pedra ou numa bomba de bicicleta, ou noutra coisa assustadora!
- Bem... - disse o Toni.
- Desculpa, é a primeira vez que estou aqui na floresta, é também a primeira vez que conheço uma bruxa. Portanto, não sei como fazê-lo. Mas se é importante para ti ficar com todas as minhas coisas, podes ficar com elas. Não quero certamente ser transformado numa bomba de bicicleta.
O Toni começou a tirar coisas da mochila. O cachecol, o caderno, a espada e tudo o resto.
- Toma.
O Toni deu as coisas à bruxa, mas ela abanou a cabeça ressabiada.
- Se é assim, então já não quero.
O Toni pensou que a bruxa era um pouco estranha. Mas depois encolheu os ombros e começou a pôr tudo outra vez dentro da mochila. Mas continuava a tentar perceber aquilo tudo.
- Talvez queiras ajudar-me? Quero ir ter com o dragão Drago e lutar contra ele. Sabes o caminho? Porque eu na verdade não sei.
A bruxa arregalou os olhos.
- O Drago é incrivelmente perigoso e cospe fogo, e come tanto pessoas como animais, E não gosta de refrigerantes! Não é assustador?
- Sim. Muito. Mas prometi a mim mesmo que o encontraria. Podes dizer-me o caminho então? - perguntou o Toni.
A bruxa voltou a dar aquela gargalhada de bruxa.
- Sim, até podia. Mas não o vou fazer porque não me deste todas as tuas coisas! - Mas... - disse o Toni.
- Sem mas nem meio mas. Não me deste todas as tuas coisas, e eu não me vou dar ao trabalho de te mostrar o caminho.
A bruxa deu outra gargalhada, virou as costas e foi-se embora.
O Toni suspirou. Não percebia o que tinha feito de errado. Estava prestes a amassar as coisas dentro da mochila quando reparou em algo que não tinha posto lá dentro. Era uma ampulheta. E uma carta. O Toni abriu a carta. Era do Joni, o pónei mais cinzento de todos e que era o melhor no trote na Escola dos Póneis.
A carta dizia:
"Para o Toni. Compreendo que queiras ver mais coisas no mundo do que a Terra Mágica Acima das Nuvens. Mas o teu lugar é com os póneis, e podes vir a arrepender-te. Se regressares à Escola dos Póneis antes de se acabar a areia na ampulheta, chegas a tempo da Parada dos Póneis onde todos nos tornamos póneis totalmente treinados. Se não o fizeres, não podes nunca mais voltar a fazer parte da comunidade dos póneis."
O Toni dobrou a carta, olhou para a ampulheta e engoliu em seco.
O Toni andou, andou e andou. Ao mesmo tempo, pensava no que estava a fazer. O mais fácil seria dar a volta e regressar à Escola dos Póneis antes da grande Parada dos Póneis, sem dúvida. Mas o Toni queria ver mais do mundo. E, agora, também tinha prometido a si próprio que iria encontrar o dragão Drago. Portanto, era isso que tinha de fazer. E só DEPOIS é que voltaria depressa para casa para chegar a tempo da Parada dos Póneis e não perder todos os seus amigos.
Enquanto o Toni estava perdido no meio dos seus pensamentos, saiu da floresta escura e chegou a uma praia. De repente, um cowboy saltou de trás de uma grande rocha.
- Olá, amigo!
- Olá - odpověděl Toni.
- Bem, eu sou um cowboy - disse o cowboy.
- Sim, quase consegui perceber pelo chapéu de cowboy. E pelas botas de cowboy. E pela estrela de xerife - disse o Toni.
- Certo.
- Podes ajudar-me? - perguntou o Toni.
- Preciso de encontrar o dragão Drago e não sei o caminho. Sabes onde ele vive?
- Ui! O Drago é incrivelmente perigoso e cospe fogo, e come tanto pessoas como animais, E não gosta de refrigerantes! E é mau!
- Sim, já ouvi dizer isso, mas quero encontrá-lo na mesma. Sabes onde ele mora? E podes dizer-me, porque estou com um pouco de pressa?
- Sei sim senhor. Mas posso contar-te uma história primeiro? Adoro histórias!
- Não tenho mesmo tempo... - começou o Toni a dizer, mas o cowboy simplesmente continuou:
- Já se passaram muitos anos, mas uma vez percorri toda a América a cavalo porque me apaixonei por uma prospetora de ouro que tinha ido para o Alasca à procura de ouro. Então, também quis ir para o Alasca, mas as coisas não correram bem porque o meu cavalo se foi abaixo passados apenas dois dias. E depois...
O Toni tentou interromper várias vezes, mas o cowboy falou, falou e falou. Estava imparável. Finalmente, a história terminou. O Toni estava bastante impaciente e pigarreou.
- Que bela história. Mas estávamos a falar do dragão Drago...
O cowboy voltou a interrompê-lo.
- Sim, sim, já lá vamos. Mas, primeiro, não queres ver as minhas coisas? Olha, tenho uma bola saltitante, uma tesoura, um ióió e um balde e...
O Toni tentou interromper novamente o cowboy, mas ele não parava de falar sobre as suas coisas. Quando ele finalmente parou, o Toni disse rapidamente:
- Estou mesmo com muita pressa. Por favor, podes dizer-me para que lado ir para encontrar o Drago?
- Sim, mas vamos jogar um jogo primeiro. Tenho o Quatro em Linha, o Ludo, xadrez, algumas cartas e...
O cowboy falou e falou. Mas, desta vez, o Toni falou bem alto para o interromper: - Tenho mesmo de ir embora!
E começou a andar depressa ao longo da praia. Não sabia exatamente onde estava nem para onde ir, mas de certeza que estava a caminho.
Quando já tinha caminhado um bocado, a praia transformou-se num deserto. Um deserto grande e quente, e cheio de areia. O Toni parou e olhou em volta. Só conseguia ver areia. E mais areia. Se calhar estava perdido. Mas, de repente, semicerrou os olhos. O que era aquilo além, no horizonte? Um... barco pirata?
O Toni caminhou em direção ao barco pirata. Era difícil andar na areia, e os seus pés pareciam muito pesados. Além disso, tinha andado o dia todo. Estava prestes a chegar ao barco quando ouviu um estrondo e algo pesado caiu mesmo ao lado do Toni. Uma bola de canhão!
- Não dispares, só preciso de perguntar uma coisa - gritou o Toni, com esperança que alguém o ouvisse. Odpověděla mu hlasem, který se rozléhal.
- Ups, desculpa, é a força do hábito. Nós, os piratas, gostamos de disparar contra pessoas com canhões.
- Então és pirata? - zeptal se Toni zvědavě a přiblížil se. No convés do barco pirata estava uma rapariga com uma pala num olho, um sabre grande, um brinco, DUAS pernas de pau e um papagaio no ombro.
- Se eu sou pirata? Podes crer que sou. Sou Telma, a Terrível, governante dos sete mares, demónio do mar, conhecida e temida desde o Polo Norte até ao Cabo da Boa Esperança.
- Uau. Fixe - disse o Toni.
- Mas há algo que me está a fazer confusão. Porque é que o teu barco pirata está no meio do deserto?
Telma, a Terrível, ficou mal-humorada de repente.
- A ty? Porque é que TU estás num deserto?
O Toni respondeu: - Hlavně proto, že jsem se ztratil. Estou à procura do dragão Drago, mas na verdade não sei para onde ir.
Telma, a Terrível, arregalou os olhos. - Mas que ideia tão parva. O Drago é incrivelmente perigoso e cospe fogo, e come tanto pessoas como animais, e não gosta de refrigerantes, e é mau, e é tão forte que consegue pegar num barco pirata e atirá-lo para um deserto!
O Toni engoliu em seco. O Drago parecia-lhe cada vez pior quanto mais ouvia falar dele.
A Telma acenou enfaticamente com a cabeça. - Sim, foi o que me aconteceu. O Drago simplesmente atirou o meu navio para aqui, e agora não posso ir saquear para os sete mares.
- Watashi wa kyandî ga hoshîdesu - gritou subitamente o papagaio.
- Uau, o teu papagaio sabe falar?
- Sim - respondeu a Telma, orgulhosa.
- O čem to mluvíš?
- Não sei, ele só fala Japonês.
- Bem... - říká Toni, desapontado. Mas e o Drago? Sabes onde ele mora?
- Sim, vai por esse caminho - disse a Telma, apontando.
O Toni agradeceu e pôs-se a caminho. Estava simplesmente a caminhar e a pensar que, desta vez, estava a ser surpreendentemente fácil encontrar o caminho, quando ouviu o vento a soprar. Primeiro muito, depois mesmo muito e, finalmente, o vento transformou-se num tornado e o Toni foi levado pelo ar a rodopiar sem parar...
O Toni rodopiou no tornado com uma velocidade e força que nunca tinha sentido antes. Para além dele, havia mais coisas a rodopiar: meias, livros, peças de puzzles, um baú e mil outras coisas. O Toni concentrou-se em garantir que nada atingisse a sua cabeça, mas também tentou procurar algo a que se pudesse agarrar.
De repente, o vento parou e o Toni apanhou um barco de borracha que estava a voar ao seu lado. O Toni e o barco de borracha caíram num rio com um grande chape.
"Bem... Isto podia ter corrido terrivelmente mal," pensou o Toni, mas depois reparou que o barco de borracha estava a andar mesmo muito depressa. E cada vez mais depressa. E mesmo à frente havia uma cascata. O Toni tentou desesperadamente usar os seus cascos para remar até à costa, mas por muito que remasse, a cascata aproximava-se a uma grande velocidade. O Toni fechou os olhos. E, depois, desmaiou.
Quando o Toni voltou a abrir os olhos, viu que ele e o barco de borracha tinham dado à costa. O Toni estava encharcado, desde o focinho até à cauda, e todas as suas coisas estavam espalhadas na relva. Mas AINDA tinha a ampulheta e, mais importante ainda, estava vivo.
- Para que estás aí deitado? - ouviu-se uma voz de repente. Atrás do Toni estava um homem alto com antebraços enormes, um bigode e cordas ainda maiores e material de escalada pendurado em todo o lado.
- Bem, é uma história longa, mas basicamente estou a caminho do castelo do Drago. Sabes onde fica?
O homem grande abanou a cabeça.
- Isso parece-me uma ideia estúpida. O Drago é incrivelmente perigoso e cospe fogo, e come tanto pessoas como animais, e não gosta de refrigerantes, e é mau, e é tão forte que consegue pegar num barco pirata e atirá-lo para um deserto! E tem muito mau hálito.
O Toni interrompeu-o impacientemente.
- Sim, sim, já ouvi dizer isso... muitas vezes até. Mas sabes onde o Drago mora?
- Posso mostrar-te. Só precisamos de chegar ao topo daquela montanha ali, e depois eu aponto. Mas temos de escalar juntos! 1, 2, 3, agora!
O Toni olhou para o cimo da montanha e acenou com a cabeça na direção de umas escadas.
- Não podemos simplesmente ir pelas escadas?
Ninguém respondeu, porque o homem gigante já estava a escalar a montanha. O Toni encolheu os ombros e subiu as escadas. Pelo caminho, encontrou uma macieira e apanhou uma bela maçã vermelha. Também fez uma sesta e assobiou um pouco com um pássaro antes de chegar ao cimo da montanha.
O Toni estava à espera há meia hora, a apreciar o sol, quando o homem chegou ao topo da montanha, a suar e sem fôlego. Mas rapidamente ficou muito zangado.
- Como raios chegaste cá acima antes de mim?
O Toni estava prestes a explicar que tinha vindo pelas escadas e que era muito fácil do que escalar, mas o homem interrompeu-o.
- Então vamos descer a montanha e ver quem chega lá abaixo primeiro!
O Toni pensou depressa.
- Está bem, mas primeiro aponta para o castelo do Drago.
- Sim, sim. É ali! - disse o homem, apontando, e depois começou a descer a um ritmo assustador. O Toni abanou a cabeça e começou a caminhar na direção indicada. Em direção ao castelo grande e escuro...
O Toni estava muito bem disposto enquanto caminhava na direção do castelo. Parecia um pouco assustador... e parecia que saía fogo do telhado de vez em quando. Mas, pelo menos, agora estava no caminho certo e a chegar finalmente ao fim da sua viagem. Tinha conhecido muitas pessoas interessantes, mas agora pensava que estava na altura de chegar ao seu destino.
Mal tinha acabado de pensar nisso, quase que tropeçava numas pernas compridas. Fora de uma tenda, estava sentado um feiticeiro com um chapéu pontiagudo. Eram dele as pernas.
- Olá - murmurou o feiticeiro com uma voz fraca. E suspirou.
- Olá, olá - disse o Toni, alegremente. E estava prestes a seguir caminho, porque estava mesmo com pressa. Mas o feiticeiro parecia tão triste, que o Toni parou.
- Passa-se alguma coisa?
- Não, não, continua o teu caminho -suspirou o feiticeiro.
- Mas de certeza que está tudo bem?
- Oh, é só que... é difícil explicar - disse o feiticeiro, numa voz ainda mais fraca.
O Toni olhou para a ampulheta. Não tinha mesmo tempo para isto, mas, se o feiticeiro estava mesmo triste, queria ajudá-lo.
- Podes tentar explicar?
O feiticeiro suspirou outra vez. Tão profundamente, que a tenda até abanou.
- Sou um feiticeiro, isso digo-te eu.
O Toni acenou com a cabeça. Isso já tinha percebido.
- E é por isso que consigo fazer aparecer qualquer coisa. Tudo o que há no mundo.
- Isso parece excelente - disse o Toni.
- Seria de esperar que sim - disse o feiticeiro.
- Mas... quando consegues fazer aparecer qualquer coisa no mundo, nunca queres nem precisas de nada. Não faço a mínima ideia do que quero para o meu aniversário. E, quando podemos ter tudo o que quisermos no mundo, é fácil sentirmo-nos aborrecidos.
O Toni pensou por um momento.
- Talvez só precises de um passatempo?
O feiticeiro animou-se um pouco. - Um passatempo? Sim... poderá ser uma boa ideia.
O Toni estalou os dedos - e isto normalmente é difícil quando se tem cascos e não dedos. Teve uma ideia ainda melhor. Para além de ser agradável ter companhia na sua viagem, também poderia ser bom ter um feiticeiro como amigo se o Drago se revelasse tão perigoso como todos diziam.
- Talvez o seu passatempo possa ser uma aventura? Quer vir comigo numa aventura?
- Essa é uma ideia FANTÁSTICA, meu jovem amigo. Vamos lá - disse o feiticeiro, levantando-se num só salto.
- Não queres sequer saber qual é a aventura? - zeptal se Toni.
- Não, podes dizer-me pelo caminho. Anda, vamos.
E, então, o Toni e o feiticeiro partiram numa aventura. Exatamente 24 passos depois, o feiticeiro parou.
- Co se stalo?
O feiticeiro sentou-se numa pedra.
- Acho que é demasiado difícil andar assim. Se calhar já não quero ir. E também estou cansado.
O Toni estava prestes a dizer alguma coisa, mas foi interrompido por um ronco profundo. O feiticeiro tinha adormecido. O Toni suspirou e tapou o feiticeiro com a sua manta de feiticeiro. Agora, o Toni estava sozinho outra vez.
Mas não por muito tempo. Porque, de repente, ouviu cascos atrás dele. E uma voz que gritava - Pára! Ou vais arrepender-te!
O Toni olhou por cima do ombro com medo.
- Pára! - gritou a voz de novo.
O Toni não sabia bem o que devia fazer. Por um lado, parecia mais lógico parar quando alguém gritava "Para!". Por outro lado, os gritos soavam bastante zangados. O problema acabou por se resolver por si mesmo, porque enquanto o Toni se esgueirou na direção do castelo do Drago, foi ultrapassado por um enorme cavalo com um verdadeiro cavaleiro no dorso. O cavalo grande parou mesmo em frente do Toni, que bateu com a testa na barriga do mesmo.
- Ei, desculpa - disse o Toni, apesar de não ter sido ele a parar no meio da estrada. O cavalo grande olhou furiosamente para o Toni. O cavaleiro no dorso do cavalo, por sua vez, começou por ser todo sorrisos, mas depois desembainhou a sua espada de uma forma bastante violenta e apontou-a para o Toni.
- Prepara-te para morrer!
- O... o quê? - disse o Toni, assustado.
- Bem, tu és um dragão, e eu sou um cavaleiro, e os cavaleiros lutam contra os dragões e matam-nos! - disse orgulhosamente o cavaleiro.
- Mas, mas...
O Toni achou que estava tudo a acontecer demasiado rapidamente.
- Não sou um dragão, sou um pónei.
- És um dragão, sim senhor! - vociferou o cavaleiro.
- Posso garantir-te que não sou. Em primeiro lugar, os dragões são verdes e, como podes ver, eu sou azul - explicou o Toni.
O cavaleiro semicerrou os olhos.
- Hum... mais verde azulado, diria eu.
O cavaleiro apontou para a sua espada.
- Além disso, tens asas. Tu ÉS um dragão.
- Não sou juro! - říká zoufale Toni.
- As minhas asas são minúsculas, nem consigo voar. Os dragões conseguem. Olha, e também não consigo cuspir fogo!
O Toni bufou e soprou e mostrou que nenhum fogo saía da sua boca.
- És simplesmente um dragão, e, por isso, terei de te matar. Estas são as regras - disse o cavaleiro simplesmente, levantando a sua espada.
O Toni não teve tempo para pensar, apenas começou a correr o mais rápido que as suas pequenas pernas de pónei conseguiam. Infelizmente, não era demasiado rápido em comparação com o cavalo grande do cavaleiro. Estava mesmo atrás dele. O Toni esbarrou num arbusto onde esperava que o cavalo grande não conseguisse caber. Mas conseguia. O Toni correu aos ziguezagues para confundir o cavaleiro e o cavalo. Não resultou. De repente, o Toni chegou a uma planície onde não havia nenhum esconderijo. Correu o mais rápido que pôde, mas o cavalo estava mesmo atrás dele. E depois o Toni caiu. Nem sequer teve tempo para pensar se se tinha magoado. Apenas fechou os olhos e pensou "Estou acabado agora".
- Peço desculpa, mas o é que se passa?
O Toni abriu os olhos cuidadosamente. A voz não vinha do cavaleiro. Quer dizer, não vinha do cavaleiro com a espada grande que queria matar o Toni por pensar que ele era um dragão Era uma voz feminina.
O Toni olhou para cima. No topo de uma torre alta estava uma princesa muito bonita. Com as mãos nas ancas e o sobrolho franzido.
- Sim, estou a falar contigo. O que estás a fazer?
A princesa apontou para o cavaleiro, que tinha desmontado do cavalo. Ele, por sua vez, apontou para o Toni com a espada.
- Bom dia, linda princesa. Eu estava prestes a matar um dragão muito, muito perigoso.
O Toni estava prestes a dizer algo, mas o cavaleiro já tinha levantado a sua espada. Por isso, o Toni levantou-se e começou a correr outra vez. Correu à volta da torre da princesa, com o cavaleiro mesmo no seu encalço. As pernas no Toni começaram a ficar cansadas, mas as do cavaleiro aparentemente não, porque ele corria e corria. E istoou continuou até se ouvir um estrondo e o cavaleiro dizer "Ai" de repente, esfregando a parte de cima do capacete.
- O que foi isto? - gritou para a princesa.
- Foi uma laranja que atirei à tua cabeça. Não estás a ouvir, e tive de chamar a tua atenção de outro modo.
A princesa apontou para o Toni.
- Ele é um pónei, não um dragão.
O cavaleiro sorriu e abanou a cabeça.
- Lamento corrigir uma princesa verdadeira, mas estás enganada. É, claramente, um dragão. - Não é nada.
- É sim.
- Não é nada.
E assim continuaram. O Toni estava prestes a pensar se conseguiria simplesmente sair sem ser visto, mas o cavalo grande e zangado do cavaleiro bloqueou o seu caminho.
Depois, a princesa pareceu ter tido uma ideia.
- Olá, senhor cavaleiro? Sabes qual é o trabalho mais importante de um cavaleiro? Mais importante do que perseguir dragões?
- Hum... não... acho que não - murmurou o cavaleiro.
- Bem, é cortejar princesas!
- Hum... sim... cortejar... o que é isso exatamente?
A princesa suspirou.
- Não és um cavaleiro lá muito inteligente, pois não? Cortejar significa que tens de fazer apaixonar por ti. Por exemplo, fazendo-me uma serenata.
- Sim, claro. Isso consigo fazer - disse o cavaleiro, começando a trautear e a fazer aquecimentos vocais.
A princesa piscou o olho ao Toni.
- É melhor ires andando, não? Para onde vais, já agora?
- Obrigado, princesa. Bem, agora parece um bocado estúpido dizê-lo, mas vou a caminho do castelo do Drago.
A princesa arregalou os olhos.
- Drago? O Drago é incrivelmente perigoso e cospe fogo...
O Toni levantou um casco no ar.
- Vou parar-te aí mesmo. Eu sei que o Drago é perigoso e tudo isso. Mas prometi a mim mesmo que o encontraria. Adeus, princesa. E obrigado!
O Toni escapou-se o mais rápido e silenciosamente possível.
"Que princesa tão querida", pensou com os seus botões enquanto caminhava. E pensou em todas as pessoas engraçadas, simpáticas e estranhas que tinha conhecido na sua aventura. Tanto o ninja que guardava a ponte, o vampiro que não suportava a luz e tinha medo da escuridão, da bruxa má, do cowboy falador, da Telma pirata, e daquele montanhista que queria fazer de tudo uma competição.
Tinha sido uma viagem emocionante e ele tinha vivido mais coisas do que alguma vez tinha vivido na sua vida.
Mas agora as coisas estavam a ficar sérias. O Toni já não estava muito longe do castelo do Drago. Era grande e escuro, e sim, de vez em quando parecia que saía fogo do telhado.
O Toni parou. Estava muito longe de casa. Será que devia voltar para trás? E ir para casa, para a Escola dos Póneis, e trotar a par de todos os outros durante o resto dos seus dias? O Toni pensou durante muito tempo. Ne. Não, não ia fazer isso. Tinha prometido a si próprio que iria sair de lá e encontrar o dragão Drago e lutar contra ele. Então era isso que ia fazer. O dragão era muito perigoso, todos diziam, por isso na verdade ele estava a fazer um favor ao mundo. Afinal de contas, parecia que o Drago era incrivelmente perigoso e cuspia fogo, e comia tanto pessoas como animais, e não gostava de refrigerantes, e era mau, e era tão forte que conseguia pegar num barco pirata e atirá-lo para um deserto! E tinha um hálito horrível. E, provavelmente, tinha truques de morder durante as lutas, agora que o Toni pensava nisso.
O Toni continuou, mas muito devagar. Era como se as suas pernas não quisessem acompanhá-lo, mas sim ficar onde estavam. O Toni olhou para os seus cascos.
- Vá lá, amigos, vai correr tudo bem.
Caminhou e caminhou, e chegou ao portão do castelo do Drago. Era um portão muito grande e bastante assustador, e o Toni não sabia realmente se queria saber o que estava do outro lado. No entanto, tocou à campainha. Na verdade, pressionou-a muito ao de leve, mas soou como mil grandes sinos a baterem juntos.
E, depois, ouviu passos pesados. E alguém a abanar a fechadura. Então, lentamente e a ranger, a porta começou a abrir-se...
O Toni susteve a respiração. A porta abriu-se e o dragão Drago apareceu à frente dele. Todo ele era sorrisos.
- Olá, quem és tu? Queres entrar? Tens fome? Posso fazer pipocas.
O Toni deixou de suster a respiração e, em vez disso, começou a abrir e a fechar a boca.
- Hum... bem... sim, por favor, gostaria de entrar. E também estou com muita fome. - Entra, então. Na verdade, acho que também tenho alguns refrigerantes no frigorífico, se tiveres sede.
- Hum, sim, obrigado - disse o Toni.
O Drago mostrou-lhe orgulhosamente o seu castelo e parecia mesmo muito simpático. O Toni achou isso muito estranho. Ganhou coragem e disse:
- Ei, Drago? - Sim?
- Eu pensava que eras... perigoso. E que não gostavas de refrigerantes e isso.
O Drago sorriu.
- Ah, sim, muita gente pensa isso. Parece que as pessoas gostam de falar mal de coisas de que têm medo. Eu próprio acho que sou bastante simpático, mas sempre que conheço alguém, eles fogem, por isso nunca lhes posso dizer que não sou perigoso de todo. Também nunca ninguém me visita. Na verdade, és o primeiro visitante de sempre.
- Que pena - disse o Toni, muito sério.
O Drago encolheu os ombros.
- Bem, é o que é. Mas há muitas coisas fixes em ser um dragão. Por exemplo, posso fazer magia! A magia dos dragões é poderosa. Queres ver?
O Toni queria.
- O que vou fazer aparecer? Tu decides.
- Um gelado? - sugeriu. Tanto porque queria ver um gelado a aparecer do nada, como porque podia comer um.
- Excelente ideia, eu também adoro gelado! Estás preparado?
O Toni estava.
- 3, 2, 1, e já está! - disse o Drago, agitando a sua varinha mágica.
Apareceu uma pequena nuvem de fumo e, no meio do chão estava... uma bicicleta.
- Raios. Espera um bocado, vou tentar outra vez 3, 2, 1, e já está!
O Drago voltou a agitar a sua varinha mágica. E fez aparecer uma cartola.
- Hum, estou um pouco destreinado, mas vou conseguir. Espera um momento. 3, 2, 1, e já está!
E fez aparecer uma lâmpada. E várias outras coisas. Na verdade, nunca conseguiu fazer aparecer um gelado. Mas não importava, porque era muito divertido ver magia acontecer. O Drago e o Toni comeram pipocas e beberam refrigerantes, e divertiram-se muito. Até que, por acaso, o Toni olhou para a ampulheta na sua mochila. A areia não parava de cair, não restava muito tempo. E teve uma ideia!
- Drago? Somos amigos, certo?
O Drago deu um pequeno arroto, e saiu um pouco de fogo da sua boca. E o Toni assustou-se.
- Ups! Desculpa, é um pouco difícil controlar este fogo. Bem... Não nos conhecemos há muito tempo, mas sim, somos totalmente amigos.
- Podes ajudar-me com uma coisa?
- Claro!
- Ótimo. Obrigado, Drago. Podes fazer uma mala? Vamos embora agora!
O Drago e o Toni puseram-se a caminho.
- Porque é que temos de ir até à Escola dos Póneis, Toni? - zeptal se Drago.
- Quero dizer aos outros póneis o quão maravilhoso e mágico é o mundo. Tudo o que eles vão fazer até ao resto dos seus dias é trotar. Consegues imaginar? Que isso era a única coisa que irias fazer a tua vida toda?
- Não, porque seria incrivelmente aborrecido.
- É isso mesmo Drago, e é por isso que temos de os impedir de trotar para sempre! Tive uma ideia: será que poderia sentar-me nas tuas costas para voarmos até lá?
O Drago parou e ficou sério de repente.
- Não, não pode ser. Os dragões NUNCA voam com ninguém às costas. Simplesmente não o fazemos, é uma regra.
- Pronto. Bem, então tenho outro plano: vamos fazer o mesmo caminho que eu fiz, que é o caminho oposto daquele que eu fiz para chegar ao teu castelo.
O Drago assobiou. Fazia-o muitas vezes quando alguém dizia algo inteligente, e o Toni fazia-o muitas vezes. O Toni rebuscou na sua mochila. Econtrou um par de óculos e um bigode falso, que pôs no Drago.
- Para que é isto? - ptal se Drago.
- Vamos passar por um cavaleiro que gosta bastante de matar dragões, por isso vamos disfarçar-te.
- Um cavaleiro! - gritou o Drago, tão alto que saiu fogo da sua boca e ele caiu do topo de um abeto.
- Ele que venha! Os dragões não têm medo de ninguém nem de nada... talvez só de serpentes. Mas cavaleiros não!
O Toni deu uma palmadinha no ombro do Drago.
- Claro que não tens medo de nada, mas a verdade é que não temos tempo para combater com o cavaleiro. Afinal, temos de voltar para a Escola dos Póneis.
Depois, o Toni e o Drago passaram sorrateiramente pelo cavaleiro que ainda estava a cantar para a princesa. Mas o cavaleiro não se deixou enganar pelo disfarce astuto do Toni. Ele conseguia ver que o Drago era um dragão e desembainhou imediatamente a sua espada.
- Agora estás feito, dragão! - gritou.
- Ah estou, é? - řekl Drago, inchando o peito. O cavaleiro fez o mesmo e aproximou-se cada vez mais com a espada em riste. Mas, antes de colidirem, a princesa guinchou tão alto que todos os vidros da torre se partiram, e tanto o Drago como o cavaleiro pararam. O Toni e a princesa puseram-se no meio do Drago e do cavaleiro.
- Mas o que vem a ser isto? - ptal se Toni.
- Ele é um dragão e eu sou um cavaleiro. É por isso que vamos lutar - disse o cavaleiro.
- Para quê? - perguntou o Toni.
- Como assim? Eu sou um dragão e ele é um cavaleiro, e é por isso que temos de lutar - disse o Drago.
- É assim que tem de ser - disseram ao mesmo tempo o Drago e o cavaleiro, e ambos acharam engraçado.
- Meu caro cavaleiro - interrompeu a princesa. Segundo sei, o pónei Toni e o dragão Drago estão com pressa de voltar à Escola dos Póneis.
- Ok - disse o cavaleiro.
- E eu estava a gostar muito da tua serenata - pokračovala princezna.
- Ah sim? - perguntou o cavaleiro.
- Sim! - odpověděla princezna.
- A sério? - perguntou novamente o cavaleiro.
- Vês aquela pequena poça de água ali? - pokračovala princezna, apontando para uma poça de água muito pequena. O cavaleiro foi até lá inspecioná-la.
- São as minhas lágrimas, que derramei por ter ficado tão comovida com a tua serenata.
- São mesmo? - perguntou o cavaleiro.
- Sim! Estavas prestes a conquistar o meu coração. E, se continuares, podemos viver felizes juntos até ao fim dos nossos dias.
- Můžeme? Isso soa-me bem - disse o cavaleiro.
- Então vou continuar a cantar, assim que limpar o sebo a este dragão.
- Ne! Não posso apaixonar-me por um cavaleiro que quer lutar contra um dragão tão bonito como o Drago - disse a princesa.
O cavaleiro olhou para o Drago e depois para a princesa. E depois para o Toni e para o Drago.
- Também acham que eu canto bem? - perguntou ele.
- Sim, sem dúvida! - odpověděl Toni.
- Não, tu cantas mal - disse o Drago.
- O que é que disseste? - gritou o cavaleiro, vermelho de fúria.
O Toni foi depressa para a beira do Drago, para fazê-lo entender o que se passava. O Drago pigarreou.
- Bem... Podes não estar a cantar muito bem agora, mas a prática leva à perfeição! E, se queres conquistar o coração da princesa, se calhar é melhor não lutarmos. Em vez disso, continua a praticar as tuas canções.
O Toni sussurrou - Bem pensado, Drago.
- Vou só sentar-me por um momento e fechar os olhos. Tenho-me perguntado qual é o objetivo de um cavaleiro na sua vida. Será combater dragões ou conquistar o coração da princesa? - o cavaleiro suspirou e sentou-se encostado à torre com os olhos fechados. A princesa piscou o olho ao Toni, que se virou para o Drago:
- Acho que vamos continuar o nosso caminho, Drago, e a resposta à pergunta do cavaleiro vai responder-se sozinha.
E, assim, afastaram-se da torre, deixando o cavaleiro a pensar em paz, enquanto a Princesa o beijava suavemente na face. Istoi foi agradável, sentiu o cavaleiro.
Depois de uma tal rodada de cavaleiros e princesas, o Drago pensou que seria bom fazer uma pausa para comer, massajar a barriga, fazer um lanche e comer uma sobremesa. Depois, voltar a massajar a barriga e fazer outra pausa. Mas não havia tempo para isso, pois o Toni olhou para a ampulheta e, de repente, achou que o tempo estava a passar terrivelmente depressa, dada a distância a que ficava a sua casa. O Toni estava prestes a partilhar as suas preocupações com o Drago quando foi interrompido por um ronco muito alto.
- É o feiticeiro! - gritou o Toni, tapando a boca com a mão, porque na verdade queria apenas sussurrar.
- Adormece frequentemente por ter tentado fazer tudo várias vezes - sussurrou o Toni.
- Não temos mesmo tempo para falar com ele. Seria melhor se nos esgueirássemos, Drago. Souhlasíte?
O Drago, sem querer desapontar o seu amigo or dar a entender que era algo que ele não conseguia perceber, acenou com a cabeça. E assim seguiram em pezinhos de lã.
O problema é que os dragões são incapazes de andar em pezinhos de lã. O Drago bem levantou os seus pés muito alto, mas quando um deles chegou ao chão ouviu-se um grande estrondo. E aconteceu o mesmo com o outro pé. E assim continuou, até o feiticeiro acordar.
- QUEM é que pisa tão forte e me acorda no meio do meu sono de feiticeiro? - perguntou ele, pondo os seus óculos para ver melhor
- Toni? Voltaste? E quem trazes contigo? Um dragão? Ora bem, ora bem! Há mais de 200 anos que não via um dragão. É um belo exemplar. Isso digo-te eu.
- Obrigado, também tens uma barba muito bonita - disse o Drago. - Chamo-me Drago.
- E eu Glemlis - respondeu o feiticeiro.
- É bom ver-te novamente, Glemlis, mas estamos um pouco ocupados e temos de irando - disse o Toni, apontando para a sua ampulheta.
- Sim. Claro, toda a gente está ocupada com algo. E é assim que deve ser. Mas tenho andado a pensar sobre aquilo que disseste sobre ter um passatempo, Toni. Espera um minuto...
O Glemlis foi à sua tenda e procurou afincadamente. O Toni olhou para o Drago.
- É agora. Vamos embora.
- Oh, não podemos fazer isso. Ele quer mostrar-nos alguma coisa. Além disso, ele disse que eu era um belo exemplar. Não ouviste? Vamos ver o que ele vai desencantar.
O Toni sentou-se e olhou fixamente para a ampulheta, onde a areia corria sem parar, enquanto o Glemlis saía da tenda com uma mesa de matraquilhos.
- Matraquilhos! Um desporto digno para um adversário digno. O que dizes, Drago? Vamos jogar?
-Podes crer que sim, amigo. Vamos lá!
E então o Drago e o Glemlis começaram a jogar matraquilhos. De facto, jogaram durante tanto tempo que o Toni teve tempo de fazer uma sesta, pentear a sua crina, comer um almoço ligeiro e gomas como sobremesa E escrever no seu diário de pónei sobre todas as coisas que tinha vivido
Entretanto, as coisas estavam a aquecer entre o Drago e o Glemlis. De repente, o Glemlis riu-se.
- Ei, Drago? És um dos melhores adversários que já tive em toda a minha vida. Por isso, ordeno-te com a minha varinha mágica que jogues contra mim durante 100 anos!
Depois, agitou a sua varinha e fez círculos no ar. O Toni entrou em pânico e o Drago também. Embora fosse divertido jogar matraquilhos, 100 anos era muito tempo e havia muitas mais coisas divertidas que o Drago queria experimentar fazer. Mas o Drago também conseguia fazer magia, por isso criou o seu próprio feitiço.
- EU condeno-me a NÃO jogar durante 100 anos - disse ele, agitando a sua varinha mágica.
E, para variar, a magia do Drago funcionou exatamente como devia.
O Toni ficou aliviado porque o seu amigo não teria de jogar matraquilhos durante 100 anos. Mas também ficou triste quando viu como o Glemlis ficou triste. Porque o Glemlis gostava de jogar matraquilhos, e agora não tinha ninguém com quem jogar. O Toni pensou com tanta força que quase caiu.
- Glemlis! Tenho uma ideia. Por que não fazes aparecer o teu próprio adversário? Alguém que seja bom nos matraquilhos, engraçado e inteligente, e talvez bom a fazer bolos e panquecas nos intervalos dos jogos.
- Isso é brilhante! - gritou o Drago, que ficou tão entusiasmado que o fogo lhe saiu da boca e subiu para o céu. O Glemlis olhou para o Toni. Ele não conseguia compreender como um pónei tão pequeno podia ser tão inteligente. Mas o Toni tinha razão. O Glemlis fez aparecer um adversário. Který by mohl dělat všechno, co dělal Toni, a ještě víc. A tak Toni odejde a nechá svého přítele na cestě do školy v Póneis.
O Toni e o Drago chegaram ao deserto, que se estendia em belos tons de amarelo e castanho.
O Toni apontou para o barco pirata à frente deles.
- Estás a reconhecê-lo, Drago?
- Ne, nejsem. Nunca o tinha visto isto antes, Toni. E o que está a fazer no meio do deserto? Não deveria estar a navegar no grande mar com o vento às costas e os canhões abastecidos com pólvora?
O Toni não estava a perceber. Então não tinha sido o Drago a atirar o barco para o meio do deserto? A Telma, a Terrível, tinha-lho dito ela própria.
O Toni bateu no casco do navio.
- Telma? É o pónei Toni! Vem cá fora.
De dentro do navio, a Telma gritou.
- Toni! És tu? Estou tão contente por ouvir a tua voz. Então sobreviveste ao encontro com o dragão mais temível do mundo, que pensa que pode arrancar do mar barcos piratas inocentes e atirá-los para o meio do deserto, onde não podem ir a lado nenhum?
Mas, quando a Telma subiu ao convés, o humor no deserto ficou abaixo de zero quando viu o Toni lado a lado com o Drago.
- Olá, Telma.
- Olá, Toni.
- Sabes quem está aqui ao meu lado?
A Telma não disse nada.
- Pois então eu digo-te, Telma. Este é o dragão Drago.
- Olá, Telma. Chamo-me Drago. Grande confusão em que te meteste, não? - disse o Drago.
A Telma pokračovala sem dizer nada. Engoliu em seco e depois acenou com a cabeça.
- Telma? - řekl Toni. - Penso que ainda não tinhas conhecido o Drago, pois não?
A Telma acenou muito lentamente com a cabeça.
- E não estavas a dizer a verdade quando me disseste que tinha sido o Drago a arrancar o teu barco do mar e a atirá-lo para o deserto, pois não?
O Drago arregalou muito os olhos.
- É uma coisa muito injusta de se dizer, Telma! São pessoas como tu que dão mau nome aos dragões.
- Eu sei - zamumlala Telma.
- O que se diz, Telma? - zeptal se Toni.
- Peço muita desculpa, Drago.
- Vou dar-te uma lição! Porque esse pedido de desculpas não é suficiente! - disse o Drago, cuspindo uma bola de fogo bem alto no ar.
- Oh, vá lá - disse o Toni. - Amigos como dantes?
O Drago pensou por um momento.
- Dobře. Desculpas aceites. Mas não o faças de novo.
A Telma abanou a cabeça, e o Toni e o Drago seguiram em frente. Mas a boca do Drago estava a fervilhar e borbulhar, e saía-lhe fumo das narinas. Se havia uma coisa de que o Drago não gostava, eram pessoas mentirosas. O Toni olhou para a Telma e depois para o Drago. Virou-se e voltou para perto da Telma, e perguntou-lhe o que tinha realmente acontecido ao seu barco pirata.
- Acontece que peguei no meu mapa de tesouro de cabeça para baixo e virei para o caminho errado. De repente, estava no deserto e não conseguia sair da areia. Isto é bastante embaraçoso para um pirata, por isso inventei isso sobre o Drago. Embora não seja verdade, claro. Foi uma estupidez e lamento muito.
O Toni olhou para e Telma e depois para o Drago. O Toni não disse nada, mas o Drago compreendeu o que tinha de fazer. O Toni juntou-se à Telma no convés, e antes que ela pudesse perguntar o que se estava a passar, o barco começou a mover-se! O Drago empurrou-o com o seu focinho! Em menos de nada, a Telma estava de volta à água, pronta para zarpar e rumar a novas aventuras. Antes de zarpar, abraçou o Toni e fez uma continência ao Drago como agradecimento.
- Obrigado Drago, foi simpático da tua parte ajudar a Telma - disse o Toni, mas o Drago não ouviu. Ele apontou.
- Olha ali. É um cowboy. Por que não vamos falar com ele?
O Toni abanou a cabeça com muita força.
- Não temos tempo para isso. Ele fala durante muito tempo sobre coisas que levam muito tempo a falar. Temos de continuar!
E assim foram.
O Toni e o Drago foram parar a uma floresta tropical densa. Com insetos e baratas, e macacos e tigres e animais selvagens. O Drago não gostou. Não por causa do calor, nem da humidade ou dos tigres. Mas sim porque poderia haver serpentes! Essa era a ÚNICA coisa de que Drago tinha medo.
Portanto, o Toni ficou neroso pelo seu bom amigo quando chegaram a uma clareira e encontraram um homem sentado atrás de um frasco com os olhos fechados.
- Não podem ir mais longe. Porque neste frasco está a serpente mais assustadora do mundo, e se deres mais um passo, ela sai e come-te - disse o homem, não abrindo os olhos nem sequer um milímetro.
- Ó meu Deus, Toni. Se calhar é melhor sairmos de mansinho. Vamos voltar para junto da Telma e navegar para longe - sussurrou o Drago, ficando pálido.
O Toni nunca tinha visto o Drago tão assustado, mas também sabia que o caminho através da floresta tropical era o mais rápido para a Escola dos Póneis.
- Bem, temos de passar. E quão horripilante poderia ser verdadeiramente aquela serpente?
- MUITO horripilante - veio a resposta do homem.
- Bem. Mas tem de haver alguma forma de conseguirmos continuar - insistiu o Toni. O homem abriu um olho pela primeira vez e apontou para o Toni com a sua flauta muito comprida.
- Queres dançar com a minha serpente comprida e horripilante, é isso que estás a dizer? Ou talvez o teu dragão queira testar a sua força contra a serpente súper rítmica?
O Toni olhou para o Drago, que abanou a cabeça violentamente. O Toni encolheu os ombros.
- Atrevo-me a dançar. O Drago toca o seu cavaquinho enquanto eu danço. Depois, podes tocar a tua flauta.
O homem irrompeu num riso trocista. Depois, bateu duas vezes na tampa da jarra, e a enorme serpente pôs a cabeça de fora.
- Vamos fazer quatro rondas a alta velocidade. Estás preparado, pónei? - guinchou o homem.
E depois começaram. Acontece que a serpente até podia ser horripilante, mas conseguia mexer-se muito bem! Mas o Toni também.
Estava a valer tudo no combate de dança. E, embora a serpente estivesse a serpentear bastante, o Toni estava à frente na pontuação quando chegaram à ronda final e decisiva. Mas entretanto a serpente cansou-se porque nunca tinha dançado tanto tempo antes. Normalmente, todos tinham demasiado medo dela e, por isso, não se atreviam de todo e seguiam caminho em vez de dançarem contra ela. Então, a serpente caiu onde estava e ficou perfeitamente imóvel. Até que começou a afastar-se. O Toni e o Drago tinham ganho! O homem apontou e disse:
- Bem, então podem continuar.
O Toni virou-se orgulhosamente para o Drago.
- Ganhámos! Não havia nada a temer, pois não, Drago? Drago? Onde estás?
O Drago tinha desaparecido. A cobra era tão assustadora que ele tinha fugido aterrorizado.
O Toni procurou e procurou pelo Drago. Primeiro por um caminho e depois por outro. Olhou para o chão e para o topo das árvores - lugares onde um dragão se poderia esconder. Mas ajudou apenas um pouco O Drago tinha desaparecido. E o Toni estava prestes a chorar. Ele nunca devia ter forçado o Drago a ficar perto da cobra. Deviam ter seguido outro caminho, como o Drago tinha sugerido. E agora tinha perdido o seu melhor amigo.
O Toni foi-se embora com passos pesados. A floresta tropical começou a ficar para trás e o Toni chegou a uma grande mercearia. E entrou.
- Adeus, adeus - disse a mulher por trás do balcão.
- Hum... Olá. Sou o Toni e preciso de algo para ir procurar rapidamente o meu amigo Drago. Talvez uma bicicleta. Ou um carro de corrida. De preferência um avião. Tens alguma coisa?
- Podes ser tu mesmo - respondeu a mulher. O Toni coçou a crina. Isto não estava a correr bem.
- Tens um avião que eu possa comprar?
- Não - disse a mulher, acenando a cabeça vigorosamente e indo buscar um alho francês, que colocou com orgulho no balcão.
O Toni estava a perder a paciência. Ele não precisava de um alho francês, mas sim de um avião.
- Não, eu preciso de um avião. A-V-I-Ã-O - řekl Toni, lentamente. A senhora apontou alegremente para o alho francês. Toni se zarazil. Aparentemente, a merceeira falava uma língua muito particular parecida com a do Toni, mas na qual tudo tinha um nome completamente diferente.
- Está bem... tens uma pá?
A mulher procurou nas prateleiras atrás dela e colocou uma escova de dentes elétrica sobre o balcão.
- E que tal um pacote de pastilha elástica?
A senhora acenou a cabeça vigorosamente e estendeu uma chave de fendas ao Toni.
- Uma varinha mágica?
E apareceu um vaso com uma planta.
Isto prolongou-se por muito, muito tempo. O Toni suspirou, estava cansado. E a mulher atrás do balcão também estava a ficar exausta. O Toni decidiu que iria tentar mais uma vez e que, se não conseguisse, teria de desistir e tentar encontrar o Drago a pé. Pensou durante algum tempo.
- Couves de Bruxelas?
A mulher abanou a cabeça - o que poderia significar qualquer coisa - e fez barulho por baixo do balcão. Depois, apresentou-lhe uma grande caixa com um avião!
- Viva! - gritou o Toni, apressando-se a pagar. Com um bolo que tinha na mochila e ao qual a mulher chamou de chapéu, mas isso não importava.
Fora da mercearia, o Toni apressou-se a abrir a caixa. Ó não, era um kit de montagem. Ele não sabia se ia conseguir perceber as instruções. A caixa era absolutamente enorme, e o manual incrivelmente longo. O Toni começou a ler e a folhear, e viu que as primeiras várias páginas estavam cheias de avisos sobre todas as coisas que poderiam correr mal se voasse no avião. Eram mesmo muitas coisas. Depois, havias muitas outras páginas que diziam que as pessoas que tinham fabricado o avião não eram responsáveis por nada do que pudesse correr mal no avião se alguém voasse nele.
Na última página havia três fotografias com três peças. As três peças tinham de ser montadas e, depois, o avião estava pronto para voar. O Toni pensou que era um pouco estranho. Mas fez o que dizia lá e o avião ficou pronto.
O espaço era muito grande, o Toni sabia isso. Mas o Drago também era um dragão muito grande. Por isso, o Toni esperava que o Drago estivesse a voar lá em cima algures e que iria encontrá-lo rapidamente. O Toni fechou os olhos e desejou voltar a ver o seu amigo em breve. Depois, carregou no botão de partida e o avião roncou e resfolegou à medida que começava a rolar cada vez mais rápido até descolar. O Toni dirigiu-o diretamente para o espaço, não querendo voltar até ter encontrado o seu melhor amigo.
O Toni voou cada vez mais alto para o espaço. Era lindo lá em cima, com planetas e estrelas e nevoeiro espacial. Mas nada de Drago. E o Toni começou a pensar que talvez tivesse sido um erro procurar no espaço. O próprio Drago tinha dito que só voava se fosse estritamente necessário. E se ele ainda andasse a vaguear pela floresta tropical e se tivesse perdido?
Quando o Toni começou a ter dúvidas, o avião começou a fazer um barulho nada agradável. Assim, quando se aproximou de um planeta muito colorido, decidiu aterrar. Foi uma sorte, porque poucos segundos depois de aterrar, ouviu-se um estrondo e o motor do avião disparou diretamente para o espaço e desapareceu no ar. Bonito. Agora, como é que o Toni ia voltar para o Drago e para a Terra Mágica Acima das Nuvens? O Toni olhou à sua volta.
- Olá? Está aí alguém?
- Sim - disse uma voz.
- Quem és tu e onde estás?
Um elegante unicórnio apareceu no planeta. À sua volta dançavam partículas de pó de ouro dançavam.
- Podes ajudar-me, unicórnio?
- Talvez, mas apenas se chamares Fábio, pois é esse o meu nome. Fábio Falópio.
- Muito bem, Fábio. Chamo-me Toni Pónei e estou à procura do meu amigo Drago. Tenho andado a voar por todo o espaço mas não o consigo encontrar em lado nenhum e não sei o que fazer. Podes ajudar-me?
Mas o unicórnio não ouviu, estava ocupado a olhar para um espelho.
- Já reparaste na minha crina? Não é bonita? Comecei a usar um novo champô.
- A tua crina é muito bonita. Mas estávamos a falar do Drago?
- Sim, claro. Um momento.
O unicórnio Fábio foi ao seu barracão e procurou um pouco. Voltou com um telescópio.
- Um telescópio! Genial, assim posso procurar o Drago - riu-se o Toni, feliz.
- Sim, eu sou bastante genial. E bonitão. Não achas? - zeptal se Fábio.
- Sim, de facto - zamumlal Toni a přitom se otočil k teleskopu. Viu florestas, campos, desertos, montanhas e paisagens geladas. Mas nenhum Drago. Até que... sim... lá estava ele!
O Toni tinha encontrado o Drago. Estava sentado numa floresta a tocar o seu cavaquinho, com um ar muito triste. O Toni deu ao Fábio o maior abraço do mundo e agradeceu-lhe. Mas depois ficou triste. Não podia ir ter com o Drago porque o avião se tinha avariado.
- Um minuto - disse o Fábio, atirando a sua crina para trás e voltando ao barracão.
- Ouve. São tão genial quanto bonito, e obviamente tenho um foguetão. Basta amarrá-lo ao avião para voltares para casa.
- Um foguetão. Isso parece um bocado... perigoso. Tens a certeza de que vai funcionar? - perguntou cautelosamente o Toni:
- Só há uma maneira de descobrir - respondeu o Fábio.
O Toni acenou com a cabeça. E voltou a subir para o avião. Havia apenas uma maneira de descobrir. Ele tinha de ser corajoso porque queria voltar para junto do Drago. Então, o Fábio carregou no botão do foguetão num telecomando e o Toni voou para o espaço à velocidade da luz e com um estrondo que podia ser ouvido em todas as galáxias.
O Toni estava a aproximar-se cada vez mais da Terra Mágica Acima das Nuvens. E quanto mais se aproximava, mais depressa voava e mais quente ficava o avião. De facto, ficou tão quente que asas pegaram fogo. Nesse momento, o Toni percebeu que os travões não estavam bons.
- CUIDADO, DRAGO! - gritou ele. Mas o Drago não teve tempo para reagir.
O avião em chamas colidiu diretamente com a árvore debaixo da qual o Drago estava sentado. E ia pegando cada vez mais fogo enquanto o Toni descia de ramo em ramo. Quando Toni bateu no chão da floresta, todas as árvores perto dele ficaram em chamas! E o Drago apanhou um tal susto que começou a cuspir fogo por todo o lado.
- Drago! Drago! Sou eu! O Toni!
- Toni? Velho amigo? És mesmo tu?
Os dois amigos deram um abraço como só bons amigos realmente se abraçam. Um abraço quente, longo e suave.
- Conheci uma merceeira que compreendia tudo ao contrário e com quem era impossível falar, e depois voei para o espaço para te encontrar! Mas, em vez disso, conheci um unicórnio que tinha um telescópio de estrelas e um foguetão, e depois encontrei-te e depois... Afinal, o que te aconteceu? - perguntou o Toni, ofegante.
- Bem, tinha ido apenas...
- Fazer xixi?
- Sim! E, quando voltei, já não estavas lá. - Bem, pelo menos não tiveste medo daquela serpente comprida e horripilante, pois não?
- Não! - řekl Drago, com uma expressão resoluta.
O Toni sorriu.
- Que música era aquela que estavas a tocar no cavaquinho?
- Não era nada...
- Parecias triste quando estavas a cantar, por isso não tens de cantá-la outra vez. Mas, se calhar, podes dizer-me as letras.
O Drago olhou para o chão e disse incrivelmente rápido:
— Toni, Toni, meu melhor amigo, vou derreter de tristeza se não te vir outra vez.
O Toni pôs a sua mão no Drago e apertou um pouco, e não falaram mais sobre isso. Depois, abateu-se um silêncio constrangedor. Felizmente, uma carroça apareceu a chocalhar. Nela estava sentada uma trupe de artistas de circo. Pararam quando viram o Toni e o Drago, porque não é todos os dias que se esbarra num dragão e num pónei.
- Querem ir até ao mercado medieval? - perguntou o líder da trupe. O Toni e o Drago sabiam que estavam ocupados, mas também concordaram que precisavam de rir juntos. Por isso, saltaram para a carroça e foram ter a um mercado medieval num reino onde o rei tinha uma capa muito bonita e uma coroa ainda mais bonita.
O Toni e o Drago dispararam com arco e flecha e divertiram-se imenso. Depois, o Drago lutou com os mais fortes do reino, e antes de dar por ela, tinha ganho tanto o combate de justa como o combate de espadas. Na verdade, o Drago era tão bom em tudo que o rei o coroou como seu escudeiro pessoal.
O Toni ficou bastante comovido quando viu como o Drago parecia orgulhoso com o seu manto, escudo e espada enquanto se sentava ao lado do rei na cerimónia dos vencedores.
O Toni verificou a sua ampulheta. Não tinha muito tempo e, embora lhe custasse um pouco, tinha de seguir em frente. Afinal de contas, este era exatamente o tipo de aventura que ele queria que os outros póneis tivessem.
O Toni tinha ficado novamente sozinho e, embora fosse triste deixar o Drago, ele sabia que o Drago achava súper fixe ter-se tornado no fiel escudeiro do rei. Isso nunca tinha acontecido a um dragão, por isso era mesmo motivo de orgulho.
Entretanto, o Toni estava ocupado. Porque tinha de voltar à Escola dos Póneis para poder contar-lhes tudo sobre o grande mundo em que se aventurara. E já não faltava muito, porque estava na floresta que rodeava a escola. A floresta era incrivelmente grande, claro, mas ainda havia areia na ampulheta. Por isso, o Toni pensou que tinha funcionado enquanto caminhava por uma parte particularmente densa da floresta cheia de abetos.
Nesse mesmo momento, o cheiro mais doce de sempre chegou às narinas do Toni. Um cheiro forte e delicioso de tarte de canela e framboesa encheu o ar, lembrando-lhe o quanto gostava de bolos mas também o quanto tinha fome. Então, o Toni caminhou em direção ao cheiro.
E chegou a uma casa - uma casa em forma de bolo! Uau!
"Isto é mesmo para mim" - pensou o Toni, tocando à campainha. A porta abriu-se e o Toni apanhou um grande choque. Era um troll grande e feio com dentes afiados e cheios de baba.
- Olá! Entra e põe-te à vontade. Gostarias de comer uma tarte deliciosa? TUDO o que o teu coração deseja está aqui dentro. Entra! O troll deu umas gargalhadas tão altas que ossos do Toni quase que pareciam uma matraca.
O Toni estava assustado, muito assustado. Achava-se bastante corajoso, não tinha medo de dragões, vampiros ou bruxas... bem, talvez um pouco mais de bruxas... mas tinha muito medo de trolls. O Toni deu um pequeno passo atrás, e depois esforçou-se ao máximo para se afastar do perigoso troll Enquanto corria, vieram as lágrimas. Porque estava assustado e se sentia sozinho e queria ir para casa, e sentia falta do Drago e de ter alguém com quem falar e alguém a quem dizer que estava assustado. Mas agora estava sozinho e aparentemente perdido, e só queria afastar-se daquele troll Então, fechou os olhos e correu e correu e correu e correu. E, com um estrondo, foi contra algo grande e duro e caiu.
"Quão pior pode ficar?" - pensou o Toni, abrindo os olhos para veren em que tinha tropeçado.
- Toni! Cá estás tu, amigo - disse o Drago, dando ao seu melhor amigo um enorme abraço de melhor amigo.
- Ei, estiveste a chorar. O que aconteceu para ficares triste?
- Um troll. Tenho tanto medo de trolls, Drago, e este era tão assustador. E tenho a certeza de que me queria comer, E ele atraiu-me com a coisa mais difícil de resistir: Bolo! E tarte!
O Drago parecia pensativo. O Toni conseguia ver as narinas de Drago a fervilhar e a borbulhar e fumo a sair delas.
- Que troll tão vil! Até poderia atrever-se a comer-te. O que pensa ele que está a fazer? És apenas um pónei doce e simpático e bastante amigável, e também és esperto. E ele atrai-te com bolo e tarte? Ai não, não. Vem comigo!
Então, o Drago pegou na mão do Toni e foi com ele, exigindo que lhe mostrasse o caminho, apesar dos seus protestos.
- Então ele é bastante perigoso, Drago.
- Sim, claro que é. Afinal de contas, os trolls são assim. São mortais! Mas aqui o Drago também tem alguns truques na sua manga de dragão. Vais ver.
O Toni não tinha grande vontade, mas mostrou o caminho de qualquer maneira. Em breve, estavam novamente a tocar à campainha do troll. Ele abriu com o mesmo sorriso arrepiante e uma tarte ainda mais deliciosa. Com morangos!
- Um dragão? Que delícia! Quero dizer, que simpático - sorriu o troll.
- Entrem, os dois, há muito espaço no meu forno... Quero dizer, na minha mesa de tartes. Espero que estejam com fome, porque eu certamente estou!
- Mais devagar, troll - disse o Drago. - Eu sei o que tens em mente. Vamos para dentro do teu forno troll assim que entrarmos, mas estás sem sorte. Porque este dragão sabe tudo sobre trolls e, além disso, consegue fazer magia. Por isso, toma!
E então o Drago fez a sua magia. Nem o Toni nem o troll sabiam o que tinha em mente. Mas, quando agitou a sua varinha, apareceu na cabeça do troll um chapéu de feltro verde muito chique com uma grande pena cor-de-laranja.
- Hum. Obrigado, dragão, fico contente - disse o troll a sorrir, com baba a pingar no canto da boca. O Toni deu três longos passos atrás em direção à floresta.
O Drago continuava a agitar a sua varinha mágica, mas ainda era difícil dizer o que ele estava a tentar fazer aparecer. Continuando, o troll recebeu também um lenço de seda amarelo, um par de joelheiras e um stick de hóquei. Tudo isto ajudou a fazer o troll parecer elegante e estiloso, mas não ajudou a diminuir o seu apetite ou a forma como os seus olhos ferozes olhavam para o Toni.
E depois... À quinta tentativa, algo aconteceu. Algo que fez com que os olhos do troll ficam quentes e agradecidos.
O Drago fez aparecer um par de meias de lã, que calçou nos grandes pés do troll.
- O que lhe está a acontecer? - sussurrou o Toni.
- A razão pela qual os trolls são sempre tão maus é que os dedos dos pés ficam terrivelmente gelados. Se arranjarmos um par de meias especialmente quentes que lhes sirvam, ficam tão dóceis como os cordeiros.
O troll olhou para cima, e o Toni quase pensou que estava a chorar de felicidade.
- Não queres entrar e comer uma tarte? - zeptal se troll.
- Desculpa, troll, mas simplesmente não tempos. Mas foi simpático da tua parte - disse o Toni, completamente sem medo.
E, assim, os dois amigos começaram a andar. Passado algum tempo, o Toni perguntou.
- Drago? Não era suposto ficares com o rei como seu fiel escudeiro? E fazer todo o tipo de coisas fixes?
- Bem, era suposto eu fazê-lo. E fi-lo. Até deixar de fazer.
- Proč?
- Porque senti falta do meu poneizinho.
- Eu? Tiveste mesmo saudades minhas?
- Claro. Tu és o melhor. E espero que já não tenhas medo de trolls.
O Toni sorriu e sentiu um quentinho na barriga. Não porque o Drago o tinha ensinado a lidar com um troll e a superar o seu maior medo, mas porque ficava feliz por saber que alguém se preocupava com ele, como o Drago se preocupava. Era incrível pensar que o seu melhor amigo era um dragão. Estava ansioso por contar aos outros póneis.
A floresta tinha-se tornado densa e o Toni ficou muito quieto, o que não era normal para ele. O Drago tentou dizer algumas piadas e fazer truques de magia, mas o Toni não estava a ouvir e não olhava para lado nenhum a não ser sempre em frente e com os olhos bem fechados.
- Ei, Toni. O que se passa? Estás muito calado e não dizes nada? Há algo de errado?
- Chiu... As árvores da floresta são pontiagudas e uma névoa desce sobre nós. É aqui que vive a bruxa, ela diz que eu a enganei. Por isso, temos de ser muito cuidadosos.
- He he he he! - ouviu-se algures entre as árvores. O Toni encolheu-se todo e olhou à sua volta, enquanto o Drago fazia o que os dragões fazem melhor quando há perigo. Esticou o peito, levantou a cauda e cuspiu pequenas chamas da sua boca.
- Drago. Preciso que me protejas. Ela vem buscar-me...
O Toni não teve tempo para dizer mais nada porque se ouviu um estrondo e um raio atingiu uma árvore. O Toni ficou tão chocado que fechou os olhos. Quando os abriu novamente, viu que estava numa bóia no meio de um rio.
- Adeus, poneizinho! E obrigada por me trazeres um dragão. Fiquei muito contente! - A bruxa estava na margem, a rir-se maldosamente enquanto dizia adeus ao Toni. O Drago tinha desaparecido. A bruxa deve tê-lo raptado! E agora o Toni estava a flutuar no rio que o levava para longe do Drago e da Escola dos Póneis. Ele tinha de fazer alguma coisa. Mas o quê? Pegou na sua mochila e remexeu nela. Tinha várias coisas divertidas para brincar, mas nada que o Toni pudesse usar naquele momento. A não ser que... O Toni tirou o cavaquinho do Drago. O Toni não queria usá-lo porque o Drago gostava muito do seu instrumento, mas não teve escolha. Então, usou-o para remar de volta para a margem do rio.
Era difícil remar contra a corrente com um cavaquinho, mas o Toni usou toda a sua força e pensou no seu amigo que tinha sido raptado pela bruxa. Ela não se ia safar!
Finalmente chegou à margem e foi na direção da bruma sinistra e do riso maldoso da bruxa, que podia ser ouvido à distância. Quando o Toni chegou à parte da floresta onde a bruxa vivia, viu que Drago estava numa gaiola. A bruxa estava a preparar uma sopa no seu caldeirão que cheirava mal, e o Toni pensou logo que o Drago poderia acabar naquele mesmo caldeirão. Por isso, tinha de ser rápido.
Mas como poderia ele salvar o Drago? Afinal de contas, a bruxa tinha uma grande magia e o Toni era apenas um pónei. Mas depois o Toni teve uma ideia. A bóia! Podívej se na to. Escondeu-se atrás da bruxa o mais silenciosamente possível. Depois, estabeleceu contacto visual com o Drago e apressou-se a indicar-lhe para fingir que estava tudo normal. O Drago compreendeu imediatamente a mensagem e começou a assobiar. Como se faz quando não há qualquer perigo.
A bruxa olhou por cima do caldeirão.
- Sopa de cauda de dragão... vai ficar uma delícia! - riu-se ela, mostrando uma grande tesoura. Mas algo aconteceu antes que ela pudesse cortar qualquer coisa. O Toni saltou para a frente e enfiou a bóia na bruxa, impedindo-a de mover os braços e deixando cair a varinha mágica. A bruxa pareceu surpreendida no início, mas depois gritou com amargura para o pequeno pónei quando percebeu que estava presa com a boia e não podia usar a sua magia.
O Toni encontrou a chave da gaiola e rapidamente libertou o Drago. Mas é preciso ter cuidado com as bruxas. Por isso, como precaução, o Toni empurrou a bruxa para dentro da gaiola e trancou-a lá. O Toni sabia que a bóia ia acabar por esvaziar-se e que a bruxa estaria novamente livre em breve. Por isso, era bom tê-la prendido também na gaiola. Quando ela conseguisse sair, ele e o Drago iriam querer estar bem longe.
O Drago e o Toni caminharam por caminhos familiares na floresta. O Drago estava feliz por ter sido libertado e por ainda ter a sua cauda de dragão. E também ficou muito impressionado com o quão duro e corajoso tinha sido o Toni. Mesmo quando o Toni lhe disse que o seu estimado cavaquinho tinha ficado encharcado, o Drago não vacilou.
- Vamos pendurá-lo para secar ao sol, amigo, e vai ficar como novo. E foi exatamente isso que fizeram. Penduraram o cavaquinho na mochila do Toni, que ficou a secar ao vento e ao sol enquanto caminhavam.
O cavaquinho tinha secado, e o Drago celebrou tocando uma canção sobre as aventuras que tinham tido até então. O Toni foi buscar um saco de pipocas e, na verdade, era bastante bom a acertar na boca do Drago enquanto o dragão caminhava e cantava ao seu lado. Enquanto se estavam a divertir, ouviram de repente um barulho incrivelmente alto através das árvores.
- O que foi isto, Toni?
- Provavelmente é o vampiro. Ele está sempre com fome, por isso o seu estômago faz muito barulho.
- O que é um vampiro?
É um tipo týmido que veste seda e é um pouco calado.
- Porque é que ele é calado? E por que não vai ele simplesmente procurar comida se tem fome?
- Boa pergunta, Drago, mas não é assim tão fácil para os vampiros andarem cá fora. Sabes, é que...
O Toni estava prestes a explicar como é que os vampiros funcionavam, mas o Drago, que amava a comida mais do que tudo, correu para o som estrondoso do estômago do vampiro com as palavras:
- To, co mi dává smysl, je, když někdo přijde jako upír. Temos de ajudá-lo!
O Toni correu atrás dele o mais que pôde, mas era difícil porque o Drago era mesmo muito rápido. Quando o Toni chegou à clareira com a gruta, o Drago já estava a olhar lá para dentro.
- Olá? Vampiro? - Estás aí?
- Sim - sussurrou o vampiro. - Estou aqui. E estou terrivelmente esfomeado.
- Vamos resolver isso - disse o Drago atrevidamente.
Mas... não consigo ver-te de todo. Seria melhor se houvesse um pouco de luz aqui dentro da tua caverna escura. Não se pode cozinhar sem fogo, e é irritante não se ver um palmo à frente dos olhos. Vou só buscar a minha varinha mágica e depois...
O Toni atirou-se ao Drago para o deter, mas antes que ele pudesse dizer alguma coisa, o Drago agitou a sua varinha mágica. E, desta vez, o Drago acertou em cheio com a sua magia na primeira tentativa. De uma vez só, apareceram na gruta holofotes, candeeiros de pé, candeeiros de mesa e até um candelabro. E também uma poltrona para descansar e uma mesa de jantar com cadeiras para grandes jantares. O Drago ficou muito impressionado consigo mesmo, mas o vampiro tinha desaparecido.
- Vampiro? Vampiroooooo? Onde estás?
- Hum. Aqui atrás. O Drago virou-se e, na sombra de um tronco de carvalho, conseguia ver uma figura elegante em seda preta e vermelha.
Por que estás aí parado? E por que não te sentas na tua nova poltrona e desfrutas de um livro?
- Porque não suporto a luz - sussurrou o vampiro. Logo a seguir, o seu estômago roncou tão alto que o Drago quase entrou em choque.
- Bem... Não sabia de nada disso. Devias tê-lo dito há pouco. Temos de fazer algo quanto a isso. Mas, primeiro, vamos tratar desse estômago a roncar. O que é que gostas de comer? Posso cozinhar praticamente tudo.
- Cachorros-quentes - disse o vampiro.
- Há muito tempo que não como isso. E pão de ló, tarteletes de framboesa e croissants de chocolate. Limonada de frutos vermelhos. Alcaçuz. E talvez algodão doce. Isto é, se não for pedir muito.
Era pedir muito, mas o Drago sentia-se culpado por quase ter expulsado o vampiro de sua casa. Ia corrigir isso, mas primeiro ia fazer aparecer toda a comida que o vampiro tinha pedido.
O Toni tentou interromper várias vezes, mas sabia que uma das únicas coisas que poderia o Drago era meter-se entre um dragão e a sua refeição. Então, o Toni teve de aguentar enquanto o Drago tratava de todos os pedidos do vampiro. O Drago serviu cachorros-quentes e outros pratos com grande cortesia numa mesa engalanada que tinha colocado nas sombras, enquanto oferecia quatro tipos diferentes de limonada de frutos vermelhos à escolha do vampiro. Quando o vampiro acabou de comer, a limonada de frutos vermelhos pingava das suas presas pontiagudas e o seu rosto transformou-se com um sorriso satisfeito.
- Obrigado pela comida, Drago. Foi um verdadeiro prazer desfrutar das tuas capacidades de cozinheiro. Nunca comi um cachorro-quente tão bom ou uma tartelete de framboesa tão requintada. Tens de me dar a receita.
O Toni tentou interromper novamente, mas não valeu de nada porque o vampiro e o Drago continuaram a falar com entusiasmo sobre comida, gastronomia e restaurantes por cima da sua cabeça. O rosto normalmente azul suave do Toni ficou azul turquesa e depois azul escuro à medida que ficava cada vez mais desesperado.
Entretanto, o Drago continuou a falar.
- Mas ainda não terminámos, caro vampiro. - Ai não?
- Claro que não, porque também precisamos de falar da tua gruta e de como torná-la mais escura, mas habitável e acolhedora ao mesmo tempo.
Mas agora o Toni já estava farto e gritou: - NÃO TEMOS TEMPO PARA ISSO! TEMOS DE CONTINUAR A NOSSA VIAGEM, E TEM DE SER AGORA MESMO!
O Drago nunca tinha visto o Toni assim e simplesmente esqueceu tudo sobre os seus planos para o desenho de luz e para a decoração da gruta do vampiro. Em vez disso, correu atrás do Toni, que já estava a caminho através da floresta. Quando o Drago alcançou Toni, perguntou-lhe se não era mau deixar o vampiro assim, mas o Toni simplesmente não tinha tempo para respond porque tinham de se despachar se quisessem chegar à Escola dos Póneis antes que fosse tarde demais.
O Toni e o Drago chegaram à ponte na floresta, e o Toni assumiu imediatamente o comando.
- Drago? Eu consigo tratar deste. Há um ninja a guardar a ponte. Ele vai fazer perguntas e eu sei as respostas. Temos muito pouco tempo para chegar à Escola dos Póneis, por isso temos de nos despachar!
O Drago pensou que isto estava a ficar um pouco emocionante demais. E perguntou-se se iriam conseguir. Enquanto pensava, o pequeno ninja saltou subitamente para a frente deles. E apontou a sua espada ao Drago.
- Toni JÁ odpověděl na mou otázku. Por isso, se queres ser autorizado a atravessar a ponte, TU tens de responder a uma pergunta, dragão!
- Sim. Ok. Bem, posso tentar - disse o Drago.
O ninja respirou fundo, semicerrou os olhos e disse então:
- Jaká je ta vaše... oblíbená strava?
- Oh, essa é uma pergunta difícil. É a pior coisa que me podias perguntar.
O Drago não gostava de escolher ou dizer que uma coisa era melhor do que outra. ESPECIALMENTE quando se tratava de comida. Por exemplo, ele não sabia se gostava mais de doce de morango ou de framboesa. E os mirtilos e as groselhas negras também eram deliciosas. E será que gostava mais de pizza do que de esparguete? Também gostava de ostras e falaffel e tzatziki, e puré de batata e sandes de queijo. Mas qual era a comida de que ele mais gostava? Tudo dependia do seu estado de espírito no momento.
O Drago estava tão nervoso por ter de escolher UM prato em vez de todos os outros que semicerrou os olhos e pensou o mais arduamente que podia.
Mas não ajudou. Porque quando voltou a abrir os olhos, tanto o Toni como o ninja estavam completamente perplexos. O Drago tinha ficado tão nervousoso que abriu a boca sem pensar e queimou a ponte! Agora não iam conseguir atravessá-la.
E isso não era nada bom, porque não tinham mesmo muito tempo. O ninja ficou abalado e bastante zangado ao mesmo tempo, e o Toni sentou-se junto a uma árvore e tirou a ampulheta da sua mochila. Restavam apenas alguns grãos de areia.
O Toni estava prestes a chorar.
- Agora não vou impedir os meus amigos de serem cavalos de trote para sempre. E não lhes vou dizer como o mundo aqui fora é espantoso e cheio de aventuras. Acho que deviam experimentar, tal como eu fiz, em vez de apenas andarem a trote o dia todo.
O Drago conseguia compreender isso. E lamentava que o seu amigo lamentasse. E lamentava ainda mais que a culpa tivesse sido sua. Mas ia compensá-lo. O Drago deu alguns passos atrás e olhou à sua volta. Aqueceu os pés fazendo rastos no chão da floresta. Depois, pigarreou e olhou para o seu melhor amigo.
- Toni? Podes simplesmente saltar para as minhas costas. Se quiseres. Depois, podemos voar até à Escola dos Póneis. É rápido e divertido, e perfeitamente seguro. Não é nada perigoso.
O Toni não conseguia acreditar no que estava a ouvir. Arregalou os olhos para o Drago.
- Mas, Drago? Nunca voas com ninguém às costas. Os dragões não fazem isso. Tu é que disseste.
- Sim, disse. Eu nunca o fiz e nunca faria por ninguém a não ser por ti, Toni.
- A sério?
- Sim. Porque és o meu melhor amigo. E salvaste-me de uma bruxa e levaste-me na maior aventura de sempre. Portanto, salta agora, e prometo que chegaremos à Escola dos Póneis antes que seja tarde demais.
O Toni subiu para as costas do Drago.
- Agarra-te bem, amigo - disse o Drago. Depois, deu balanço e foi em direção a uma árvore. Pouco antes de colidir com a árvore, subiu diretamente para o céu. O Toni agarrou-se bem, pois iam depressa e o vento batia-lhe na cara.
No chão, o ninja ainda estava furioso: - E a minha ponte? - gritou ele.
- Voltem, seus patifes! Mas o Toni e o Drago tinham desaparecido. Entretanto, os ouvidos aguçados do ninja ouviram de repente um galho partir-se na floresta. Saltou na direção do som como só os ninjas saltam - com elegância perigosa.
- Quem está aí? Consigo ver-te. Pois eu sou um ninja e ninguém consegue enganar-nos ou esconder-se de nós - gritou o ninja. Atrás de uma árvore, apareceu uma cabeça. Era o vampiro.
- Sou só eu. O vampiro.
- Uau, quase não te ouvi. És mesmo muito bom a andar silenciosamente! Achas que me podias ensinar?
O vampiro acenou com a cabeça.
- Penso certamente que sim. E talvez me possas ensinar a lutar com espadas em troca? Sempre quis experimentar.
- Claro - disse o ninja. E começaram imediatamente a ensinar-se um ao outro. De facto, divertiram-se tanto que o ninja se esqueceu completamente que estava zangado por causa da ponte queimada.
Lá em cima no céu, o Toni conseguia ver das costas do Drago todos os lugares maravilhosos, selvagens, loucos e perigosos onde tinham estado. Do deserto ao mercado medieval, do pântano da bruxa e da casa do troll (que o Toni preferia esquecer), à praia que levava ao mar, onde a Telma, a Terrível, navegava agora com os seus canhões cheios de pólvora.
Mas o Toni lembrou-se que não tinha tempo para apreciar a vista. Já quase não havia grãos de areia na ampulheta.
- Mais depressa, Drago! Assim não vamos conseguir! - gritou o Toni. O Drago bateu as suas asas ainda mais depressa.
- Ali! Para baixo, Drago, rápido!
O Toni apontou e o Drago mudou de direção. O desfile já estava em curso, e os póneis trotavam a passo em direção ao pódio, onde tinham de assinar com o casco esquerdo que iriam trotar a passo ao serviço da Escola dos Póneis para o resto dos seus dias. O Roni era o primeiro da fila. Mergulhou solenemente o seu casco na tinta azul e moveu-o para baixo em direção ao papel.
- PAAAAAAAAAAARA! - ouviu-se de repente de cima. Tudo ficou em silêncio, e os póneis olharam uns para os outros com expressões confusas. Depois veio o estrondo. Um estrondo que só um dragão a aterrar pode provocar. Levantou-se poeira e todos os póneis começaram a tossir violentamente.
Quando a poeira assentou, todos os póneis viram o Toni - e o Drago! Os póneis nunca tinham visto um dragão, e podiam ter pensado que seria um pouco maior e um pouco mais perigoso, mas continuavam assustados e juntaram-se num amontoado a tremer.
A Pati foi a primeira a ganhar coragem.
- Olá, Toni. Voltaste? E trouxeste o dragão mais perigoso do mundo. O que estás aqui a fazer, afinal?
- Viemos para vos impedir! - říká Toni pevným hlasem.
- Impedir-nos? De quê? - gritaram todos os póneis em coro. - De trotar a passo para o resto das vossas vidas. Não sabem o que estão a perder. Amigos? Este é o Drago.
- Olá, buenos dias, bonjour e guten tag - disse o Drago gentilmente, tentando parecer o menos perigoso possível.
Os póneis ainda pareciam assustados, mas também um pouco curiosos. O Toni continuou:
- Veem? Pensavam que o mundo era um lugar muito perigoso. E sim, claro, há sítios onde isso é verdade. Mas o mundo também é grande, belo e maravilhoso, e está cheio de todo o tipo de pessoas engraçadas divertidas.
Todos ficaram em silêncio. Era muita coisa para os póneis assimilarem.
Por isso, o Toni continuou a falar:
- Vocês também pensavam que o Drago era muito perigoso. Mas sabem que mais? Ele não é, de todo. É muito simpático. E ele adora todas as mesmas coisas que nós adoramos! Amigos, não andem a trote aqui na Escola dos Póneis. Vão lá fora e vejam o mundo, tal como eu fiz. Quanto o tiverem feito, ENTÃO podem decidir se querem trotar a passo durante o resto dos vossos dias.
Houve novamente silêncio. Os póneis sussurraram entre si. Passado algum tempo, o Joni, o pónei mais cinzento e que era o melhor no trote, voltou-se para o Toni.
- Toni, antes de podermos decidir qualquer coisa, penso que precisamos de ouvir um pouco mais sobre as tuas aventuras.
- Claro que sim. Sentem-se, amigos - disse o Toni. E assim começou a contar tudo.
- A primeira coisa que encontramos quando saímos da Escola dos Póneis é uma ponte. E não podemos simplesmente atravessá-la, porque há um ninja a guardá-la. Na verdade, a ponte está partida agora, talvez devêssemos ajudá-lo a reconstruir...
O Toni não parava de falar. Sobre tudo o que tinha vivido e sobre todas as pessoas engraçadas e estranhas que tinha conhecido. Entretanto, o Drago fez aparecer aperitivos e mais alguns truques de magia, já que estava lançado.
Os póneis acharam o mundo muito excitante, e também descobriram que os dragões não são perigosos de todo, mas na verdade são muito fofos e divertidos. E todos eles decidiram que não iriam trotar durante o resto dos seus dias. Em vez disso, iriam sair e explorar o grande e selvagem mundo.
E o Toni e o Drago? Mudaram-se juntos para o castelo do Drago, onde veem filmes e fazem panquecas, comem pipocas e queimam coisas, e fazem todo o tipo de coisas fixes e divertidas que fazemos quando temos um melhor amigo. E, às vezes, o Toni salta para as costas do Drago e voam pelo mundo em busca de novas aventuras, porque essas nunca acabam.
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